A inapetência nas urnas em Ilhéus e Itabuna
Há pelo menos um fato que aproxima a eleição de Ilhéus e Itabuna: a tradição. Mas é nesta "tradição" que há a grande distância entre o que pensam os eleitores das duas cidades. Ilhéus não quis arriscar. Elegeu Jabes Ribeiro para dirigir os destinos da cidade pela quarta vez. Itabuna manteve o histórico de não reeleger e escolheu o novo: Vane do Renascer.
Emoções à parte que neste momento tomam conta dos eleitores vitoriosos, o fato é que nas duas cidades o que prevaleceu de verdade foi a inapetência pela urna. Em Ilhéus, de um total de 126.033 eleitores, 33.037 deixaram de votar, 3.115 votaram em branco e 6.105 anularam o voto. Em resumo: Jabes foi eleito com o voto de apenas 31 por cento dos eleitores aptos a votar na cidade. Os que deixaram de ir à urna ou votaram em branco ou nulo, teriam a capacidade de decidir o destino da cidade.
Em Itabuna, quem não compareceu às urnas também teria a capacidade de decidir o pleito, que foi apertadíssimo, apenas um por cento de diferença, entre os dois principais adversários, o Vane e o Capitão Azevedo.
O certo é que muita gente cobra. Mas nem todos, na prática, exercem o seu poder de transformação social. Outra constatação é que, a partir de agora, Jabes e Vane deixam de ser candidatos eleitos por um setor da sociedade, para assumirem compromissos com toda a cidade.
Ilhéus e Itabuna vivem momentos especiais com a possibilidade de investimentos importantes. É preciso "selar" o cavalo na hora em que ele passar.
As duas cidades que se unem na tradição eleitoral e se separam na decisão democrática das urnas terão que pensar juntas, construir juntas e, juntas, recuperar a auto-estima de uma população que nem no voto parece acreditar mais.